sexta-feira, 21 de maio de 2010

Alma franciscana



É bem verdade que visito muito mais meus amigos do que sou visitado por eles. Talvez seja uma certa opção minha pelo recolhimento. Alguma herança que carrego desde a infância. No entanto, no mundo, cresço existencial e espiritualmente justamente a partir das relações sociais, do trabalho cotidiano, da vida em coletividade. Mas sempre retorno ao lar: assim, o homem e seus óculos.

Este ano tenho sido visitado por outros companheiros de vida, outros terráqueos. Hoje mesmo fui surpreendido na varanda por um sabiá. Seria uma coisa comum, tamanha a quantidade de pássaros que vêm cantar à minha janela toda manhã. Porém, desta vez, até me deixei atrasar para a vida profissional, pois o visitante resolveu fazer amizade. Sem medo da raça humana (talvez tenha ele fugido ou tenha sido solto de alguma gaiola das redondezas), ele passou alguns minutos em minha companhia, bicando os pequenos pedaços de pão entre meus dedos. Senti-me uma criança que descobre uma novidade, como se eu nunca tivesse visto um pássaro antes.

Antes do sabiá, tinha sido surpreendido por um pato! Fotografei e escrevi todo contente para o Sylvio Adalberto (meu guru em termos de conhecimentos acerca do mundo dos passarinhos) que logo me enviou uma mensagem em que dizia: Ele só foi visitar sua casa para que você não se esqueça de fotografar essas aves maravilhosas que existem em sua cidade. Parece estar dizendo: "Olha, caro poeta Camilo, você deve usar seu talento e sensibildiade para registrar as aves de sua cidade e mostrar como são lindas em liberdade".

Pois, então, esta semana vieram também os micos, que estão deixando minha cadela em estado de alerta constante. Por isso compartilho com vocês, leitores amigos, as fotos de meus novos amigos de jardim, resultantes naturais de minha alma franciscana, que vem de me acompanhar de gerações antigas.

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