Quando
anunciamos os nomes dos primeiros acadêmicos, alguns nos questionaram: mas onde
estão as mulheres? Até o momento somos apenas 5 homens num universo de 40
cadeiras, e certamente a presença feminina muito em breve estará contribuindo
para compor o quadro principal da Academia. No entanto, muitas já têm seus
nomes registrados como de suma importância para a fundação desta entidade, pois
são, como nós, sócias fundadoras. A presença feminina é um equilíbrio
fundamental na sociedade. Afinal, a humanidade é como um pássaro: uma asa é o
homem, e a outra asa é a mulher. Ambas as asas devem ter igual oportunidade,
devem ser fortes e ativas, devem trabalhar em conjunto para que o voo aconteça.
É com imensa
satisfação que recebemos agora em nosso quadro de sócios beneméritos uma
mulher, uma poetisa, médica e grande incentivadora da literatura em nosso país,
a gaúcha Juçara Valverde. Sua história está presente também em Araruama, quando
foi uma das incentivadoras do Sarau AraruAma Poesia, dirigido pelo amigo Cid
Magioli, participando assim daquela semente que veio germinar hoje na Academia
Araruamense de Letras.
Quando a ela
solicitei seu currículo, este veio acompanhado de um poema. O melhor cartão de
visita de um escritor é a sua obra. E assim, não posso deixar de fazer essa
saudação sem citar um de seus poemas, que mostra a força da esperança, e desperta para questões tão importantes hoje
em nossa sociedade:
MARIA FIRMINA DOS REIS, REGISTRO DE ESPERANÇA
Juçara Valverde
De quantas Marias precisaríamos hoje
para libertar a mulher brasileira
do cajado da violência urbana?
para libertar a mulher brasileira
do cajado da violência urbana?
De quantas Firminas precisaríamos agora
para resgatar uma educação sem fronteiras
igualitária e solidária?
para resgatar uma educação sem fronteiras
igualitária e solidária?
De quantos dos Reis necessitaríamos ainda
para vencer a fome cultural
que aproxima os humanos e supera qualquer barreira?
para vencer a fome cultural
que aproxima os humanos e supera qualquer barreira?
Não sei
mas seu exemplo
para mim é inspiração.
mas seu exemplo
para mim é inspiração.
O poema
certamente é uma inspiração para todos nós, homens e mulheres, e mostra, em
poucos versos, a sensibilidade de sua autora. Apenas para situar os presentes
no contexto histórico a que se refere o poema, Maria Firmina dos Reis, que dá
título ao poema, era maranhense, negra e escreveu em 1859 o romance Úrsula,
considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil e um dos primeiros
escritos produzidos por uma mulher brasileira.
Juçara, seja
bem vinda como benemérita da Academia Araruamense de Letras. Que possamos
crescer juntos, trabalhar em harmonia em favor da literatura, do conhecimento,
da fraternidade entre os homens.